Por cá, o Longboard Skate ainda passa muito despercebido, enquanto que do outro lado do Atlântico, mais propriamente em São Paulo, até já se tomam medidas extremas como a abaixo relatada.
Incrível, não é?
Prefeitura quer limitar skate em ladeiras
Após acabar com pista tradicional no Sumaré, prefeitura estuda criar pistas isoladas.
Para Secretaria de Esportes, downhill é arriscado e não deve ser feito em ruas abertas.
A Prefeitura de São Paulo pretende limitar a descida de ladeiras com skates, prática conhecida como downhill, na cidade. A intenção da Secretaria de Esportes Municipal é criar um espaço exclusivo e tirar o esporte das ruas da cidade.
"Para essa modalidade há algumas impossibilidades. Quando se esta cruzando uma rua com o skate ou passando em frente a uma residência, há riscos. Não fugimos de trazer o esporte para cidade, mas o skate na ladeira traz algumas particularidades", defende Thiago Lobo, assessor técnico da Secretaria de Esportes indicado pelo secretário Walter Feldman para tratar da questão.
A polêmica sobre o downhill começou com as barreiras instaladas na Ladeira do Alves, a rua ao lado da Praça Horácio Sabino, no Sumaré. Em julho, a Subprefeitura de Pinheiros arrancou trechos do asfalto e deixou paralelepípedos à mostra, impossibilitando a prática do skate de ladeira.
"Estamos tentando criar uma nova área. Eles não aceitam sair dali, mas estamos procurando outras ladeiras. Fui visitar alguns espaços em Santana e no Morumbi, mas é difícil. Normalmente são ruas residenciais ou avenidas. Aí não dá", diz Lobo. Para ele, a solução é isolar os praticantes. "Estudamos até criar uma ladeira, asfaltar e isolar só para a prática. Se for uma área fechada não há risco de atropelamentos, não incomoda morador", defende o assessor.
Carros x skates
Edson Scander, diretor de esportes da Confederação Brasileira de Skate, reconhece que o skate em ladeiras onde há carros oferece riscos, mas questiona a lógica de se retirar o esporte e não os automóveis. "Existe um problema de trânsito, descer ladeira com a movimentação de automóveis é perigoso, mas o poder público deveria fechar as ruas nos fins de semana e feriado e não tirar o skate. A cidade deveria ter mais ruas de lazer."
Para ele, o fim da prática na Ladeira do Alves já prejudica bastante o esporte na cidade porque o local era uma pista "fácil de descer" devido à angulação e à largura. "Qualquer pessoa que estivesse iniciando no esporte poderia descer. E quem pratica tem costume de usar equipamento de proteção", afirma.
Ele vê com reservas a iniciativa da Prefeitura de criar uma área isolada para os skatistas. "Se a prefeitura for designar um espaço para o skate é uma excelente iniciativa. O nosso maior receio, porém, é que os skatistas percam essa área, que é um espaço tradicional, e não ganhem nada."
O fim da Ladeira do Alves
Para resistir à pressão dos skatistas contra as alterações feitas na Ladeira do Alves, a Associação de Amigos do Jardim das Bandeiras apresentou a Lei N.º 14139/96, que trata da prática de esportes e atividades radicais na capital. O texto faz referência à empresas e entidades e não a praticantes, mas foi utilizado como argumento contra a presença dos skatistas.
"Eles podem até fazer eventos, mas têm que chamar ambulância, dar condições. Aqui não tinha isso", argumenta Lucila Lacrete, presidente da associação. Após retirar os skatistas, eles pretendem agora diminuir o tamanho das ruas. "Temos uma proposta para melhorar a praça, aumentar a área verde. A idéia seria estreitar as vias e colocar paralelepído em tudo. Estreitar as ruas, porém, custa muito dinheiro. Por enquanto, isso é nosso sonho, nossa meta."